Diabéticos podem comer melancia?

Originária da África, a melancia é um dos alimentos mais adorados pelos brasileiros, especialmente durante o verão ou em regiões tropicais mais quentes, pelo alto teor de água em sua composição. Apesar de ser extremamente saudável tanto para a população em geral como para os portadores de diabetes, por uma série de motivos, médicos, nutricionistas e outros profissionais da saúde erroneamente contraindicam o seu uso devido à sua composição de carboidratos (“açúcares”). Entenda abaixo se diabéticos podem comer melancia e qual o seu impacto na sua saúde.

Melancia na dieta de diabéticos

Tabela nutricional (100 gramas):

Quantidade por porção (100 gramas)% VD
Valor energético (calorias)30 kcal1,5
Carboidratos7,5 g2,5
Proteínas0,6 g0,6
Gorduras totais0,1 g0
Gorduras saturadas 0 g0
Gorduras trans0**
Fibra alimentar0,4 g1,6
Vitaminas
Vitamina A28 μg4
Tiamina (Vitamina B1)0,033 mg3
Riboflavina (Vitamina B2)0,021 mg2
Niacina (Vitamina B3)0,178 mg1
Ácido pantotênico (Vitamina B5)0,221 mg4
Vitamina B60,045 mg3
Colina4,1 mg1
Vitamina C8,1 mg10
Sais Minerais
Cálcio7 mg1
Ferro0,242
Magnésio10 mg3
Manganês0,038 mg2
Fósforo11 mg2
Potássio112 mg2
Sódio1 mg0
Zinco0,1 mg1
Outros componentes
Água91,45 g
Licopeno4532 μg?

Benefícios da melancia

O maior benefício da melancia, tanto para diabéticos como para pessoas saudáveis, é a grande quantidade de fibras e água encontradas nesta fruta. Como você pode ver pela tabela nutricional acima, 100 gramas de melancia apresentam mais de 90 gramas de água, ou seja, mais de 90% de sua composição é água pura.

Apesar de conter antioxidantes como o licopeno e carotenoides (vitamina A), que fornecem à melancia a coloração avermelhada de sua polpa, a concentração de antioxidantes é uma das mais baixas dentre as frutas em geral. Outros antioxidantes incluem fenois, flavonoides e tanino, além de outros fitoquímicos, porém todos com uma concentração muito baixa na melancia.

O licopeno é o mesmo antioxidante que, presente no tomate, dá cor avermelhada à fruta. Apesar de a melancia oferecer mais licopeno do que o tomate por porção, o licopeno é um dos poucos nutrientes que não se quebram quando são aquecidos. Pelo contrário: o licopeno depois de aquecido torna-se mais biodisponível para absorção pelo nosso trato gastrintestinal. Assim, como a melancia é geralmente comida crua e o tomate, cozido (como em molho de tomate na pizza ou no macarrão), a absorção do licopeno do tomate será maior, com a mesma quantidade ingerida.

Em termos de vitaminas, a vitamina C é a que apresenta melhor concentração na melancia.

Apesar de ser pobre em antioxidantes, a melancia apresenta outros benefícios à saúde por conter fitonutrientes. A porção de 100 gramas de melancia oferece em torno de 200 gramas de citrulina, um aminoácido que é convertido em arginina em nosso corpo, muito importante para a construção de diversas proteínas. A cucurbitacina E, também presente em boa concentração na melancia, tem propriedades antiinflamatórias e antioxidantes (ajuda a eliminar radicais livres) no corpo.

Melancia pode ser consumido por diabéticos?

A melancia é talvez uma das frutas que mais sofre preconceito em termos da sua aplicação na alimentação de diabéticos. Muitos médicos e nutricionistas erroneamente contraindicam a alimentação com melancia na pré-diabetes e na diabetes.

O principal motivo para isso deriva-se do seu alto índice glicêmico, de 72. O índice glicêmico é um cálculo onde 50 gramas de carboidrato de uma fruta são ingeridos e mede-se a elevação da glicose no sangue (glicemia) 2 horas após a ingesta do alimento. O valor do pão branco, por exemplo, é de 100.

Porém, a melancia, apesar de ter alto índice glicêmico, apresenta baixa concentração de carboidratos: como você pode ver na tabela nutricional acima, em uma porção média de 100 gramas da fruta, encontramos apenas 7,5 gramas de carboidrato. Grande parte da fruta é composta por água.

Assim, para se calcular o índice glicêmico da fruta (50 gramas de carboidrato de melancia), é necessário ingerir aproximadamente 660 gramas de melancia!

Frente a isso, um valor mais adequado para saber se diabético pode comer melancia é a carga glicêmica. Ela é o cálculo da quantidade de carboidratos (em gramas) de um alimento multiplicado pelo seu índice glicêmico, dividido por 100. No caso de 100 gramas de melancia:

7,5 x 72 / 100 = carga glicêmica de 5,4

Isso porque apenas 5% do peso da fruta é composta de carboidratos. Alimentos com carga glicêmica até 10 são considerados próprios para o consumo de diabéticos! Além disso, o pico de insulina causado pela melancia também é pequeno, sendo mais uma vantagem no consumo por diabéticos.

Portanto, diabético pode, sim, comer melancia, porém sempre com moderação!

Referências

  1. Choudhary, B. R., et al. “Phytochemicals and antioxidants in watermelon (Citrullus lanatus) genotypes under hot arid region.” (2015).
  2. Fatema, K., et al. “Glycemic, non-esterified fatty acid (NEFA) and insulinemic responses to Watermelon and Apple in type 2 diabetic subjects.” Asia Pacific journal of clinical nutrition 12 (2003).

Clínico geral, formado pela PUC-PR, com experiência no tratamento de pacientes com doenças crônicas como Diabetes e Hipertensão. Residente do primeiro ano de Oftalmologia no Hospital de Olhos de Sorocaba (HOS). Co-fundador da startup MedSimples de Medicina & Saúde. Desenvolvedor web, especialista em SEO e redator de artigos voltados à educação em saúde para o público leigo há mais de 8 anos.

2 thoughts on “Melancia”

  1. Parabéns gostei

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